Todo libertário sabe da importância de Lysander Spooner, mas talvez poucos saibam de sua história como um separatista e militante anti- escravidão.

Nascido em Massachusetts em 1808 era advogado, empreendedor e teórico político. Acreditava que a justiça verdadeira não era questão de conformidade com as leis dos homens, mas a recusa de se envolver em agressões contra indivíduos pacíficos. Em sua obra “No treason” ou “Sem traição” (1867) assumiu a posição de que uma constituição que não tenha sido aceita por qualquer pessoa viva e somente consentida por um punhado de pessoas não pode ser obrigatória para ninguém. Sua militância contra a escravidão foi além de sua exegese constitucional promovendo serviços legais, algumas vezes pró bono para escravos e advogava anulação de júri na intenção de defender escravos fugitivos em corte.

Bem, vejamos agora a guerra civil sob o ponto de vista de Lysander Spooner.

Segundo ele, o regime dos EUA travou a guerra em nome dos princípios opostos aos quais jurava defender, foi simplesmente por acreditarem que o homem pode ser legitimamente forçado a se submeter a um governo com o qual ele não concorde e qualquer resistência por parte deste o torna um traidor. Sobre a vitória do Norte e manutenção da união Spooner escreveu:

“Pela parte do Norte a guerra foi criada não para libertar os escravos, mas por um governo que sempre violou e subverteu a constituição para manter os escravos em regime de escravidão e ainda pretenderia mantê-los se os donos de escravos pudessem ser induzidos a permanecerem na União. Em princípio é possível de se nomear auto evidente falso ou auto evidente fatal para todas as liberdades políticas. Já triunfou nos campos de batalha e agora será estabelecida, uma vez estabelecida teremos então um aumento significativo no número de escravos e não a diminuição deles com esta guerra. Pois todo homem que se submete a um governo contra sua vontade é um escravo.”

Talvez algumas pessoas ao ler até aqui possam estar se perguntando: mas por que será que este homem que era contra a escravidão apoiava a secessão do Sul e se colocou a favor dos confederados?

Não é necessário dizer que Spooner estava correto em suas afirmações. A guerra não foi travada para libertar os escravos, mas para a manutenção da união por motivos políticos, econômicos e por controle.

Por que todos historiadores esperam que acreditemos que as análises aplicadas a todas as outras guerras em que olhamos para as reais motivações não devam ser aplicadas para esta em específico?

Por que devemos glorificar esta como uma gloriosa guerra e retirá-la do catálogo de crimes que constitui a história da humanidade com experiências de agressão militar por parte dos estados?

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